Não dou like porque a tela está quebrada; tem uma ferpa bem em cima do coração.
Nas margens do Rio Baker sentei e chorei.
Paul Anka – com 18 anos –, em uma apresentação no Ed Sullivan Show, em 1959. Dezoito anos. Nessa época era-se pai com 19, avô-se com 36 e batia-se botas na velhice senil dos 51 – bem adoçados no cigarro sem filtro com pinga barata.
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Daniel Chastinet (@danielchastinet
) é o típico artista virtuoso que eu investiria meu dinheiro de maracutaias e origens duvidosas se eu fosse o homem das maracutaias com dinheiro duvidoso sobrando para as artes:
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Chegamos no cerne da dicotomia que me condena: o consumo e a coleção. Eu teria coleções de: pinturas, esculturas, carros, livros, discos. Cercado por um senso de acumulação inconsequente.
Schope já disse uma vez, em uma roda de amigos psicólogos, que a vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
A vida oscila entre a dor e o tédio e Buber compara essa ideia: Não posso experienciar ou descrever a forma que vem ao meu encontro, só posso atualizá-la.
O certo seria atualizar as oscilações, a grosso modo, unindo os pensamentos.
O certo. Certo o caralho.
Não existe a felicidade plena na riqueza imensurável. Não existe a saciedade no sucesso inegável. A paz vem com a beleza bélica. Beligerante. O desejo é baseado na falta.
Outrossim, subscrevo-me.
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Mentira, ainda não subscreverei-mo-ei; Esse papo de psicologia é muito bonitinho porque mexe com a parte vital humana. Eu que não me atrevo em sermões, dicas, toques e sugestões. Mas fique a psicologia ali, eu aqui. Vamos vivendo bem longinho um do outro.
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Minha droguinha é a viagem, essa eu acumulo mesmo, gasto tudo que tenho e não tenho, posso e não posso nessa onda de passear por aí.
A bola da vez? Uma viagem de carro de Brasilia, até Ushuaia. Matei 99,405% das minhas férias de 2024 em Janeiro, que beleza. O roteiro? Esse ai de baixo:
Assim, pra exemplificar. Minha função no carro foi de co-piloto, navegador, conselheiro, retratista, cineasta, diretor de imagens, titeteiro, intérprete, coadjuvante, lavador de pára-brisas, engenheiro de consumo e, nas horas vagas, passageiro.
A viagem não cabe em relato aqui em uma newsletter porque seria diminuí-la como não poderia ser. Então deixo umas fotos aqui, porque tenho mais videos que juízo para editar e teremos uns videos bem bonitinhos no ar daqui uns tempos:
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Bom eu viajo, viajo viajo. Fui ao Brasil, e adivinha? Vi zero pessoas que deveria prestar visitas ou combinar cafés et drinks. Sinto-me culpado? Sim. Deveria me desculpar? Não. Tem um sentido nisso, mas ainda não desenvolvi a desculpa perfeita.
Eu culpo a «Grande Peste de 2019 – COVID» como causa e efeito desse desligamento social meu.
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Eu não sou muito do canto lírico, mas esse pedaço de divindade largada no pântano humano é uma exceção graciosa. Você pode lembrar dela em alguma gavetinha do seu subconsciente: é a música que Andy Dufresne (Tim Robbins) toca no filme Um Sonho de Liberdade; Vale a camaçada de pau que ele toma na sequência.
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Dessas páginas de humor genérico, trombei com um comentário de um arroba lukewilliamrich na sua mais pura beleza contextual. O tipo de contextualização que segue uma semântica britânica belíssima. Aff, tá em inglês, mas eu traduzo porca e parcamente para vocês:
Now I’ll admit you’ve gone off-piste on occasion but this is a blindingly good topic. One must consider whether or not we are accompanied by bread and butter so thick you can see a childhood of quality dentistry in the bite marks. It depends if you’re under the weather. Personal favourites include oxtail, tom yum gai Thai soup, and a fine consommé… but I’m really happy with a blended homemade vegetable. I’m not pontificating, as a teenager I’d triple-load packet soup sachets and triple shot espresso their cheap floury thickness. Mushroom has its creamy joy too. I’ve room for a balanced carrot and coriander. Oh God, it’s all too much. Broccoli Stilton on a chunky piece of bread. Okay off to lie down.
Admito há um desbravar de terrenos ermos aqui, mas este é um tópico despirocadamente bom. Deve-se considerar se acompanha um pão com uma camada de manteiga tão espessa onde nota-se um histórico de visitas odontológicas de qualidade, na marca da mordida. Depende também se você está meio xororô ou jururú. Como meus favoritos há o creme de rabada, há a sopa tailandesa tom yum gai e um bom consomê... mas regozijo-me com uma sopa caseira de legumes. Não me ponho inflexível; tampouco esnobe; valha-me Deus: quando adolescente eu triplicava os sachês de sopa instantânea para espessar o caldo. Creme de cogumelos também tem sua beleza visco-gosmêntica. Tenho uma queda para o equilíbrio da cenoura e coentro. Meu Deus do céu… Creme de brócolis com stilton (um queijo Gouda britânico : nota do autor) sobre um pedaço grosso de pão. Aceito sem contestar.
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Listas, porque adoro tipificação: Meus empregos ideais, se pudesse escolher.
Baba yaga
Um fazendeiro de laranjas e figos no sul da Itália
Ser o gato gordo de um sebo em Tromsø
Um pirata com um senso estético invejável para chapéus
Um livreiro em um sebo de Tromsø
O doidinho que vive escondido no porão do opera-house de Londres
Um faroleiro em uma ilha isolada no norte gelado.
Um NPC manual monitorado em tempo real que entrega missões importantese que desaparece igual ao mestre dos magos
Dono de uma fazenda de lavandas no meio da França
Videologger que não publica videos e ganha muito bem.
Sem mais para o momento, subscrevo-me.
Faltou foto do rio Baker já que você sentou e chorou na beira